Por Antônio Diógenes – rtv Jaguaribe, 25 de julho de 2025
Uma análise detalhada dos resultados fiscais, trajetória da dívida e desafios futuros — com dados oficiais e fontes verificáveis.
1️⃣ Introdução e Contexto Histórico
Nos últimos anos, o Brasil viveu dois momentos fiscais distintos:
- Pandemia da Covid-19 (2020–2022), sob o governo Bolsonaro, marcado por choque de renda e ação emergencial;
- Pós-pandemia (2023–2025), sob a gestão de Lula, com novo arcabouço fiscal e problemas fiscais persistentes.
Esta matéria explora em profundidade os dados oficiais, as causas dos déficits e a evolução da dívida pública — comparando ambos os cenários.
2️⃣ Governo Bolsonaro (Pandemia: 2020–2022)
🧾 Indicadores Fiscais
- Em 2020, o déficit primário do Governo Central somou R$ 743,1 bilhões, cerca de 10% do PIB, e o déficit nominal inteiro atingiu cerca de 13,7% do PIB — o pior resultado da história moderna.
Fonte: Tesouro Nacional (gov.br/economia) e PDF técnico da IFI Reuters+4CNN Brasil+4Reuters+4static.poder360.com.brredclade.org. - Em 2021, houve forte reversão: déficit primário de R$ 35,9 bilhões (~0,4% do PIB).
Em 2022, o governo apresentou superávit primário de R$ 54,9 bilhões (0,6% do PIB) TCU. - A dívida bruta federal, que era de cerca de 71,7% do PIB no fim de 2019, subiu para cerca de 89% em 2020 e recuou gradualmente a 80% em 2022 redclade.org+2Senado Federal+2Banco Central do Brasil+2.
🧱 Causas e Condições
- A alta do déficit em 2020 deve-se ao auxílio emergencial, manutenção de emprego e estímulos fiscais intensos;
- A redução posterior está ligada ao fim dessas medidas, retomada econômica e inflação elevada que diminuiu a relação dívida/PIB.
3️⃣ Governo Lula (Pós-pandemia: 2023–2025)
📉 Resultado Fiscal e Evolução da Dívida
- 2023: déficit primário de R$ 264,5 bilhões, cerca de 2,4% do PIB, segundo dados do TCU. Parte expressiva relacionada ao pagamento de precatórios e aumento das despesas sociais WikipédiaTCU.
- 2024: o governo oficial reportou déficit de cerca de R$ 11 bilhões (~0,09% do PIB), porém a IFI e outras análises apontam possibilidade de até R$ 46 bilhões de déficit, se incluídos gastos extraordinários fora do cálculo oficial Wikipédia+7static.poder360.com.br+7InfoMoney+7.
- 2025 (projeções da IFI): déficit estimado entre R$ 64,2 bilhões (≈0,51% do PIB) e até R$ 83,1 bilhões, o que supera a tolerância fiscal de 0,25% do PIB permitida pelo arcabouço vigente static.poder360.com.br.
- A dívida bruta, que estava em 71,7% do PIB no fim de 2022, deve encerrar 2024 em torno de 80% e alcançar 82% em 2025, chegando a 84% em 2026, conforme projeções da IFI Senado Federal.
⚙️ Causas do Déficit
- Pagamentos acumulados de precatórios (≈R$ 92 bilhões em 2023) elevaram os gastos de forma não recorrente Senado Federalstatic.poder360.com.br;
- Aumento de despesas sociais, Bolsa Família e Auxílio Brasil, reajuste de piso salarial de profissionais de saúde, entre outros Wikipédia+2Senado Federal+2elibrary.imf.org+2;
- Pressão de juros altos (Selic a 15%) e cenário externo adverso;
4️⃣ Comparativo Fiscal: Bolsonaro vs Lula
Ano | Governo | Déficit Primário (% PIB) | Superávit / Déficit | Dívida Bruta (% PIB) | Notas |
---|---|---|---|---|---|
2020 | Bolsonaro | ≈ –10,0% | Grande déficit | ~89% | Auxílio e choque da pandemia |
2021 | Bolsonaro | ≈ –0,4% | Redução do déficit | ~80% | Fim dos estímulos e retomada |
2022 | Bolsonaro | +0,6% | Superávit | ~73% | Ajustes fiscais, crescimento econômico |
2023 | Lula | ≈ –2,4% | Déficit elevado | ~74% | Pagamento de precatórios |
2024 | Lula | ≈ –0,09% oficial | Quase equilíbrio | ~80% | Meta oficial cumprida com base contábil |
2025 | Lula (est.) | ≈ –0,51% (IFI) | Déficit persistente | ~82–84% | Pressão de juros e restrições fiscais |
5️⃣ Análise Comparativa
💸 Contextos distintos:
- Pandemia (2020): crise sanitária global exigiu gastos emergenciais.
- 2023 em diante: despesas regulares com precatórios e reajustes sociais sem choque externo equivalente.
⚖️ Natureza dos déficits:
- Déficits em 2020 foram majoritariamente emergenciais e temporários;
- Déficits recentes incluem custos fixos, obrigatórios e aditivos legais (precatórios).
🧠 Sustentabilidade da dívida:
- A dívida subiu em ambos os períodos, mas o componente sensível a juros de curto prazo aumentou em 2025, intensificando vulnerabilidade em cenário de Selic alta CNN Brasilfacebook.com+3TCU+3Reuters+3static.poder360.com.bren.wikipedia.org+3publicacoes.tesouro.gov.br+3redclade.org+3Reuters+1CNN Brasil+1.
📌 Metas fiscais e flexibilidade:
- Em 2025 o governo revisou receita fiscal e reduziu contingenciamentos: de R$ 31,3 bilhões para R$ 10,7 bilhões bloqueados para cumprir o teto de gastos, após previsão de aumento de arrecadação com leilões de petróleo offshore Reuters.
6️⃣ Projeções e Riscos para o Futuro
- A IFI estima que o cumprimento da meta fiscal torna-se mais difícil em 2026, com possível déficit primário de R$ 128 bilhões (≈0,95% do PIB) — exigindo mais arrecadação ou cortes de até R$ 72 bilhões além do previsto CNN Brasil+2static.poder360.com.br+2Senado Federal+2.
- Sustentabilidade fiscal dependente de crescimento econômico, reformas tributárias e controle de despesas obrigatórias.
7️⃣ Conclusões e Reflexões Finais
- O déficit nominal máximo ocorreu em 2020, durante a pandemia — mas foi em resposta a uma emergência histórica;
- A gestão pós-crise (Lula) enfrentou déficits menores, mas persistentes, apesar da instituição de um novo arcabouço fiscal;
- A dívida continua subindo, e sua composição atual reforça o custo de juros no orçamento;
- A sustentabilidade ficam ameaçada a partir de 2026, sem ajustes ou reforma fiscal robusta.
📚 Principais Fontes Consultadas
- Tesouro Nacional / RTN — Plano de Tesouro Nacional TCU+3gov.br+3gov.br+3
- Banco Central — Estatísticas fiscais consolidada Banco Central do Brasil
- IFI/Senado — Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) e projeções para 2025‑2026 Senado FederalSenado Federalstatic.poder360.com.brSenado FederalCNN Brasil
- Reuters — dados sobre déficit, revisão de receitas e contingenciamentos ReutersReuters
- Tribunal de Contas da União — dados de déficit primário de 2023 Senado Federal+11Wikipédia+11facebook.com+11
⚖️ Comparando Bolsonaro (pandemia) x Lula (pós-pandemia)
Bolsonaro (2020–2022)
- 2020: Maior déficit e maior aumento da dívida da história do Brasil (déficit primário de -10% do PIB; dívida bruta chegando a 89% do PIB).
- Motivo: Foi um período de crise global inédita (Covid-19), em que todos os países ampliaram gastos públicos para socorrer a população e evitar colapso econômico.
- Recuperação: Em 2021-2022 houve reversão, com queda do déficit e até superávit primário, devido ao fim das medidas emergenciais, alta da inflação (que reduz o peso da dívida) e aumento da arrecadação.
Lula (2023–2025)
- 2023: Déficit alto, mas bem menor que o de 2020 (-2,4% do PIB). Motivo principal: pagamento de precatórios acumulados (decisão do STF) e despesas obrigatórias.
- 2024: Déficit oficial quase zero (-0,09% do PIB), mas parte desse resultado foi obtida com receitas extraordinárias e exclusão de certos gastos da meta fiscal. Dívida bruta chegando a 80% do PIB.
- Risco futuro: Sustentabilidade fiscal ainda é desafio; projeções apontam dificuldade para cumprir metas em 2025-2026 sem aumento de receitas ou corte de despesas.
📊 Resumo Comparativo
Governo | Melhor Déficit? | Melhor Dívida? | Contexto |
---|---|---|---|
Bolsonaro 2020 | NÃO (déficit recorde, mas por causa da pandemia) | NÃO (dívida subiu forte) | Crise mundial e gastos emergenciais |
Lula 2023–2024 | SIM (déficit bem menor em %, mas dívida segue alta) | NÃO (dívida segue crescendo, embora em ritmo menor) | Pressão por gastos obrigatórios e precatórios |
🎯 Conclusão Imparcial
- No aspecto fiscal puro, Lula entrega déficits menores do que Bolsonaro em 2020, mas não enfrenta o mesmo grau de emergência global.
- Bolsonaro enfrentou situação extrema, justificando déficits altos, e conseguiu redução da dívida nos anos seguintes com retomada do crescimento.
- Lula enfrenta cenário de alta dívida e restrição fiscal, com dificuldade para equilibrar receitas e despesas obrigatórias.
Nenhum dos dois resolve de fato o problema da dívida pública — ela segue subindo e ameaça a sustentabilidade das contas do país.
Quem está melhor?
- Em números brutos, Lula apresenta déficit menor (mas com riscos de sustentabilidade no médio prazo).
- Bolsonaro teve o pior déficit, porém em contexto de pandemia, e depois houve melhora com a reabertura da economia.
Portanto:
- Hoje, o déficit está menor, mas a dívida pública continua crescendo.
- O desafio para ambos os governos foi (e é) enorme, cada um com suas peculiaridades.
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