Por Antônio Diógenes – 31/10/2025
Grupos organizam atos públicos após ação policial com 121 mortos em comunidades do Rio
Ação policial realizada entre os dias 28 e 30 de outubro nas comunidades do Complexo do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, resultou na morte de 121 pessoas, segundo dados oficiais divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. Trata-se da operação com o maior número de mortos já registrada no estado do Rio, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ).
A operação, conforme nota oficial da Polícia Militar, teve como objetivo o cumprimento de mandados judiciais de prisão e busca e apreensão contra suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas e outras atividades ilícitas na região. Foram empregados efetivos das polícias Civil, Militar e da Polícia Rodoviária Federal, com apoio logístico aéreo e terrestre. A Secretaria de Segurança informou que foram apreendidas armas de fogo, munições, drogas e veículos durante as ações.
Após a divulgação do número de mortos, diferentes organizações não governamentais, coletivos sociais e grupos da sociedade civil anunciaram a realização de atos públicos em ao menos três capitais. Os eventos estão programados para esta sexta-feira (31), com início às 13h no Rio de Janeiro (Campo do Ordem), às 16h em Recife (Palácio das Princesas) e às 18h em São Paulo (em frente ao MASP).
Os manifestantes informaram, por meio de notas e comunicados nas redes sociais, que os atos têm como objetivo expressar posicionamentos sobre a condução das políticas de segurança pública no estado do Rio de Janeiro. Segundo os organizadores, os protestos também têm caráter nacional e buscam debater o papel do Estado nas ações de policiamento em áreas urbanas com alta densidade populacional.
Instituições como o Instituto Marielle Franco e a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro divulgaram notas solicitando a apuração das circunstâncias das mortes. Além disso, foram mencionadas em documentos públicos questões como a legalidade das abordagens, a proporcionalidade do uso da força e o cumprimento de normativas internacionais de direitos humanos. A Corte Interamericana de Direitos Humanos ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
Segundo dados do Instituto Fogo Cruzado, cerca de 60 corpos foram encontrados em áreas de mata nos arredores das comunidades, retirados por moradores e levados para pontos de apoio locais. As identidades das vítimas estão sendo apuradas pelo Instituto Médico-Legal (IML), e os laudos devem ser emitidos nos próximos dias.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro afirmou, por meio de comunicado, que abrirá uma investigação interna para apurar as circunstâncias da operação. O Ministério Público Estadual também instaurou procedimento preliminar. Até o momento, não há registros oficiais de feridos entre os agentes de segurança envolvidos na operação.
A repercussão do episódio gerou manifestações em diferentes setores da sociedade, incluindo representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, com falas públicas sobre a necessidade de diálogo institucional sobre segurança pública, direitos civis e atuação das forças de Estado em áreas urbanas complexas.

Familiares choram os mortos na ação policial. Moradores retiram cerca de 60 corpos em área de mata após operação. Crédito: Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil











