Por Antônio Diógenes – Jaguaribe/Ceará, 18.06.2025

O debate sobre os gastos públicos no Brasil tem sido um dos temas mais recorrentes e polêmicos nos últimos anos. Em meio a discursos que apontam para um suposto aumento descontrolado das despesas do governo federal, o deputado Mauro Filho tem chamado a atenção para uma leitura mais cuidadosa e baseada em dados oficiais sobre a real composição do orçamento da União.
A realidade sobre a despesa primária
Segundo Mauro Filho, a ideia de que o governo tem aumentado de forma irresponsável suas despesas primárias é incorreta. O parlamentar afirma, com base em dados do Tesouro Nacional, que a despesa primária como percentual do PIB caiu de 19,6% em 2023 para 18,6% em 2024.
As despesas primárias incluem áreas essenciais como saúde, educação, previdência e assistência social. Portanto, segundo o deputado, não procede o argumento de que o governo estaria gastando mais nessas áreas em termos proporcionais ao PIB. Pelo contrário, houve uma redução.
O peso crescente das despesas financeiras
Mauro Filho direciona o foco para um problema estrutural pouco debatido: os gastos financeiros com a dívida pública. De acordo com o deputado, o orçamento da União para 2024 é de aproximadamente R$ 5,6 trilhões, sendo que cerca de metade desse valor está comprometida com o pagamento de juros e amortizações da dívida.
Somente os juros consumiram, segundo dados oficiais, em torno de R$ 950 bilhões em 2024, o que representa um dos maiores componentes isolados do gasto público brasileiro.
A dificuldade de controlar o custo da dívida
Mauro Filho também denuncia a dificuldade política de avançar em medidas que limitem os gastos financeiros. Segundo ele, três propostas suas para estabelecer regras e limites para essas despesas foram rejeitadas no Congresso Nacional.
O deputado aponta que existe uma resistência estrutural a esse tipo de mudança, motivada, segundo sua análise, pela forte influência do sistema financeiro sobre o processo legislativo brasileiro.
O risco de uma crise fiscal futura
O alerta de Mauro Filho é direto: se o ritmo de crescimento da dívida e o alto custo dos juros continuarem, o Brasil pode enfrentar uma crise fiscal em menos de cinco anos. Ele chama atenção para o fato de que, ao manter os olhos apenas nas despesas sociais e ignorar o crescimento das despesas financeiras, o país corre o risco de perder o controle sobre suas contas públicas.
Conclusão: um convite à reflexão
A visão de Mauro Filho traz uma perspectiva importante para o debate público. O parlamentar propõe que a discussão sobre o equilíbrio fiscal do país seja ampliada e que inclua não apenas as despesas sociais, mas também, e principalmente, os gastos com a dívida pública.
Independentemente de posicionamentos ideológicos, o recado é claro: o Brasil precisa discutir com seriedade todos os componentes de seu orçamento, inclusive aqueles historicamente blindados de qualquer tipo de controle legislativo ou social.
Com uma análise baseada em dados oficiais, Mauro Filho convida a sociedade brasileira a olhar para além dos discursos simplistas e a buscar soluções que assegurem o equilíbrio fiscal sem comprometer as áreas sociais fundamentais para o desenvolvimento do país.