Por Antônio Diógenes – 15 Outubro 2025
Estatal anuncia plano de reestruturação com apoio do governo federal para reduzir déficit e recuperar sustentabilidade financeira
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) anunciou nesta quarta-feira (15) que está em negociações avançadas com instituições financeiras públicas e privadas para obter um empréstimo de R$ 20 bilhões, com garantia do Tesouro Nacional. O objetivo é cobrir parte do déficit acumulado e assegurar a continuidade dos serviços postais em todo o país.
De acordo com a estatal, o rombo estimado nas contas chega a R$ 5,6 bilhões, resultado da queda nas receitas e do aumento dos custos logísticos. A empresa informou que o plano financeiro faz parte de uma estratégia de reestruturação administrativa, que inclui revisão de contratos, corte de despesas operacionais e a implementação de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para equilibrar o fluxo de caixa até 2027.
O governo federal confirmou que atua como fiador da operação, o que sinaliza a importância estratégica dos Correios para a infraestrutura nacional. O Ministério das Comunicações e o Ministério da Fazenda acompanham de perto as tratativas, avaliando o impacto fiscal e a viabilidade do empréstimo.
O plano de reestruturação prevê a modernização das centrais de triagem, ampliação da frota elétrica, automação de processos e revisão da rede logística. A empresa aposta na digitalização de serviços e no fortalecimento do e-commerce como vetores de recuperação de receitas.
“O Correios é um patrimônio nacional e continuará sendo uma empresa pública eficiente, moderna e autossustentável”, afirmou em nota a assessoria da estatal, destacando o compromisso de manter a presença da instituição em todos os municípios brasileiros.
O sindicato dos trabalhadores demonstrou preocupação com os impactos do PDV e o risco de sobrecarga operacional. Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos (Fentect), a empresa precisa garantir que a reestruturação não resulte em precarização das condições de trabalho nem na redução da qualidade dos serviços prestados à população.
Do ponto de vista econômico, o movimento dos Correios reflete o desafio enfrentado por empresas estatais brasileiras para se manterem competitivas em um mercado cada vez mais digitalizado. Analistas avaliam que o empréstimo, se bem gerido, pode oferecer fôlego à empresa, mas também reforça o debate sobre a necessidade de autonomia operacional e revisão de seu modelo de negócios.
O impacto social é amplo: os Correios permanecem sendo o único meio de entrega regular em mais de 1.800 municípios do país, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Uma eventual redução de atividades ou privatização parcial afetaria comunidades inteiras que dependem do serviço postal para envio de documentos, produtos e correspondências oficiais.
Com o plano, a empresa espera retomar o equilíbrio financeiro até 2027, quando projeta voltar a registrar lucro operacional. Até lá, o desafio será garantir a execução das metas sem comprometer a cobertura nacional e o caráter público do serviço postal.











